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Décadas de promessas e a mesma pergunta: Quando a SP-332 será prioridade?

Atualizado: 18 de set.

Por: Ronaldo Calheiros


A Rodovia SP-332, representa mais do que uma estrada: É um eixo vital de ligação entre municípios, uma via de transporte de mercadorias, de estudantes, de trabalhadores. Ela é parte do pulso vital da região. Até aí, ninguém questiona. O problema é que, após décadas de diagnóstico, projetos, audiências, promessas, avançamos… pouco ou nada.

A audiência pública realizada em Caieiras reacendeu o debate sobre as melhorias na SP-332, a Estrada Velha de Campinas. Após anos de promessas, a rodovia segue defasada, sem prazos para início das obras. Com congestionamentos diários e dezenas de vítimas fatais ao longo dos anos, a população cobra urgência nas intervenções para garantir mobilidade, segurança e desenvolvimento regional.
Somente entre os anos de 2005 a 2009, o Jornal Tudo Laranjeiras, publicou 47 matérias envolvendo o tema SP-332, Estrada Velha de Campinas

Em 2006, autoridades locais, incluindo prefeitos e o secretário estadual de transportes da época, percorreram todo o traçado da SP-332, entre o trevo de Laranjeiras e o de Francisco Morato. Foram apontadas inúmeras necessidades: trevos, marginais, iluminação, correções de traçado, além de um viaduto sobre a linha férrea em Caieiras, finalmente inaugurado em 2014. Esse viaduto foi uma vitória concreta da mobilização, mas apenas uma de muitas demandas até hoje não atendidas em sua totalidade.


Em 2006, autoridades locais, incluindo prefeitos e o secretário estadual de transportes da época, percorreram todo o traçado da SP-332, entre o trevo de Laranjeiras e o de Francisco Morato
Em 2006, autoridades locais, incluindo prefeitos e o secretário estadual de transportes da época, percorreram todo o traçado da SP-332, entre o trevo de Laranjeiras e o de Francisco Morato

Quase vinte anos depois, no dia 15 de setembro de 2025, realizou-se mais uma audiência pública em Caieiras para apresentar um plano de intervenções no mesmo trecho da SP-332. Foram identificadas 17 intervenções no perímetro urbano de Caieiras, passarelas, retornos, vias marginais, correções de traçado e outras melhorias estruturais. Todas elas, em parte ou na totalidade, já se encontravam em projetos antigos ou tinham sido reivindicadas há décadas.

O que chama atenção, porém, não foi apenas o acerto em identificar os problemas, mas o silêncio sobre as soluções concretas. Durante a audiência, não foram divulgadas datas para início de obras, tampouco para licitação dos trechos. Isso gera uma sensação muito concreta entre moradores: a de que aquelas imagens de 2006 e de 2025 poderiam ser repetidas em 2045 ou além, com promessas idênticas, mas pouca execução.


Durante a audiência, não foram divulgadas datas para início de obras, tampouco para licitação dos trechos
Durante a audiência, não foram divulgadas datas para início de obras, tampouco para licitação dos trechos

Além da ausência de prazos e da repetição de promessas, há um dado que não podemos mais ignorar: a SP-332 está defasada diante da realidade que vivemos hoje. A rodovia, pensada para um fluxo muito menor, já não suporta a quantidade de veículos que trafega diariamente. Isso se traduz em lentidão, congestionamentos constantes e, infelizmente, em acidentes que vitimam dezenas de pessoas ano após ano. Cada engarrafamento não é apenas perda de tempo, é desgaste físico e emocional para quem precisa trabalhar, estudar ou transportar mercadorias. Em cada cruzamento inseguro ou trecho mal planejado, não se torna apenas um ponto de risco técnico é de fato uma ameaça à vida de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.


Esse quadro torna ainda mais urgente a necessidade de tirar os projetos do papel. Não estamos falando apenas de desenvolvimento regional, mas de preservar e devolver qualidade de vida a quem depende da SP-332 todos os dias.

Há ainda outro elemento que não pode passar despercebido: a proposta de pedágio eletrônico entre Caieiras e Jundiaí, prevista no estudo de concessão do Governo de São Paulo, que gera preocupação. O custo recorrente para quem depende da rodovia poderia tornar-se um peso extra muito significativo, especialmente se não houver alternativas claras ou compensações. O pedágio chamado (“free flow”) é anunciado como moderno, mas não basta que o modelo seja eficiente se ele onerar quem já vive nos limites de uma mobilidade deficiente.


É urgente, portanto, que se instale um compromisso real com cronogramas firmes, orçamento definido e transparência. A população precisa saber quando cada uma das 17 intervenções será licitada, quando iniciarão, quanto tempo levarão e quais os impactos esperados, positivos e negativos. Isso não é exigência elitista, é necessidade básica de planejamento urbano, mobilidade e justiça social.


Também é preciso que prefeitos, vereadores, lideranças comunitárias e sociedade civil organizada mantenham pressão constante. O governo estadual mostra que reconhece a importância da SP-332: O fato de promover audiências públicas, estudar duplicações, trechos complementares e intervenções de segurança viária indica isso.


Mas a transição entre o papel de “estudos e planos” para o de “obras e entregas” tem sido lenta demais. Se aceitarmos que o “futuro” desejado vai demorar mais duas décadas, perdemos hoje. Perdemos mobilidade, perdemos segurança, perdemos desenvolvimento econômico, perdemos qualidade de vida. Nós, cidadãos, precisamos insistir: cobrar, monitorar, exigir que promessas sejam transformadas em ações mensuráveis.


Porque no final das contas, não se trata de política partidária. Trata-se de dignidade urbana, de estabelecer condições de vida que dignifiquem quem vive, trabalha, estuda ou atravessa essa rodovia todos os dias. Se queremos ver Caieiras e a região realmente avançarem, precisamos de menos discursos e mais obras.

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