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O futuro do trabalho e o esvaziamento da indústria: Quem vai apertar o parafuso?

Por Ronaldo Calheiros para o JPI


Enquanto as redes sociais fervilham com promessas de riqueza rápida, cursos milagrosos e a ilusão de que todos podem ou devem ser empreendedores digitais milionários, a realidade fora das telas segue ignorada: a indústria brasileira está enfrentando um apagão de mão de obra técnica.


orneiros mecânicos, ferramenteiros, soldadores, retificadores, eletricistas industriais… profissões que por décadas sustentaram a economia nacional e formaram gerações de trabalhadores especializados estão sumindo dos currículos e das salas de aula técnicas.
Infelizmente, os cursos técnicos que por anos representaram uma escada de ascensão social sólida estão sendo trocados por promessas frágeis de empreendedorismo digital e influência nas redes sociais

Torneiros mecânicos, ferramenteiros, soldadores, retificadores, eletricistas industriais… profissões que por décadas sustentaram a economia nacional e formaram gerações de trabalhadores especializados estão sumindo dos currículos e das salas de aula técnicas.

A situação é crítica. Em plena era da tecnologia, faltam profissionais para operar e manter as engrenagens do chão de fábrica. Enquanto isso, proliferam perfis que vendem fórmulas de sucesso fáceis, quase sempre desvinculadas da realidade concreta da maioria da população.


"Temos máquinas modernas e demanda por produção, mas simplesmente não conseguimos preencher vagas com profissionais qualificados", afirma o Engenheiro Renildo Calheiros, responsável pela planta de uma indústria na região. "A juventude hoje não quer mais trabalhar na indústria. Muitos se desinteressam já na entrevista. Os que entram, em boa parte, não têm formação técnica ou não se adaptam à rotina do setor. Isso compromete produtividade, segurança e até o futuro da própria empresa."

A fala de Renildo reflete o drama silencioso que atravessa o setor produtivo brasileiro. E esse cenário não é exclusividade local. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil precisará formar mais de 9 milhões de profissionais técnicos até 2026 para atender a demanda de setores como metalurgia, automação, construção civil e eletroeletrônica.


Mas onde estão esses profissionais? Quem está formando essa nova geração?

Infelizmente, os cursos técnicos que por anos representaram uma escada de ascensão social sólida estão sendo trocados por promessas frágeis de empreendedorismo digital e influência nas redes sociais. O problema não está em empreender, mas na ilusão de que todos os caminhos fora da indústria são mais fáceis e lucrativos o que muitas vezes leva a frustrações, informalidade e precarização.


É urgente que o poder público, em parceria com indústrias e instituições de ensino, invista na reativação e expansão de cursos técnicos que preparem profissionais para as reais demandas do mercado.
É preciso mostrar à juventude que não há vergonha em operar máquinas, ajustar equipamentos ou projetar peças de precisão pelo contrário, esses profissionais são fundamentais para o desenvolvimento do país

O papel do poder público e da educação técnica

A resposta não pode ser apenas da iniciativa privada. É urgente que o poder público, em parceria com indústrias e instituições de ensino, invista na reativação e expansão de cursos técnicos que preparem profissionais para as reais demandas do mercado.

Faltam programas de capacitação, escolas técnicas regionais e, acima de tudo, uma política de valorização do trabalho técnico-industrial. É preciso mostrar à juventude que não há vergonha em operar máquinas, ajustar equipamentos ou projetar peças de precisão pelo contrário, esses profissionais são fundamentais para o desenvolvimento do país.


O futuro está no equilíbrio

Inteligência Artificial, automação e internet são partes do futuro do trabalho, sim. Mas sem quem saiba instalar, programar, manter e consertar as máquinas, não existe avanço possível.

A indústria brasileira pede socorro. Não por falta de tecnologia, mas por falta de gente qualificada para colocá-la em movimento.

Se o Brasil quiser continuar produzindo e competindo, é preciso formar mais do que influenciadores: precisamos de eletricistas, técnicos em mecatrônica, soldadores e engenheiros dispostos a encarar o chão de fábrica com orgulho e preparo.


Renildo Calheiros é Gerente Industrial da Indústrias Gerais de Parafusos - Ingepal - Desde 2016. Formado pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo - FATEC e graduado pela Faculdade São Judas Tadeu.

Renildo Calheiros é Gerente Industrial da Indústrias Gerais de Parafusos - Ingepal - Desde 2016. Formado pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo - FATEC e graduado pela Faculdade São Judas Tadeu.

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