"Retrocesso no transporte": usuários caieirenses criticam fim do Serviço-710
- primeiraimpressaor
- 18 de jul.
- 3 min de leitura
Moradores de Caieiras chamam de retrocesso o fim do Serviço 710, confirmado pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para Agosto de 2025. O trajeto direto que liga a Linha 7-Rubi à Linha 10-Turquesa sem baldeação será extinto, obrigando passageiros a enfrentar transferências e mais tempo de viagem até o Grande ABC — algo que, para muitos, é voltar no tempo.

Já vimos isso antes
Para quem acompanha a história da ferrovia, a sensação é de voltar a 1989, quando os trens iam direto para Rio Grande da Serra e Paranapiacaba, mas acabaram fracionados, forçando baldeações na Luz — que já era caótica. Depois, a baldeação passou a ser no Brás, o que deu certo alívio. Só nos últimos quatro anos o trajeto voltou a ser direto de Jundiaí ao ABC. Agora, para os passageiros, começa “a novela mexicana de novo”, como define um usuário.
“Retroceder. Em 1989 os trens iam direto até Paranapiacaba. Depois veio a baldeação na Luz, depois no Brás. Melhorou, agora volta tudo de novo”, lamenta um passageiro que usa a Linha 7 diariamente.
Privatização sem escuta
Outro ponto criticado é a privatização sem consulta popular. Para os usuários, embora as concessões prometam melhorias na qualidade dos trens, faltou diálogo sobre até onde cada linha deveria ir.
“A privatização garante melhores condições, mas deveria ter uma consulta pública. Colocar a Linha 7 só até Barra Funda é um absurdo!” comentou outro passageiro.
Hoje, quem sai de Caieiras embarca na Linha 7 e segue direto para estações como Santo André ou Mauá. Com o fim do 710, será preciso descer em Luz — ou futuramente em Barra Funda, quando a extensão da Linha 11-Coral estiver pronta — para então pegar outro trem.
Mais lucro, mais baldeação
Segundo relatos, o motivo real não é a praticidade do passageiro, mas o lucro das concessionárias. A “Câmara de Compensação” garante que, a cada baldeação entre linhas de empresas diferentes, o Estado paga um valor extra à operadora. Assim, cada trecho percorrido rende mais dinheiro — enquanto o passageiro enfrenta escadas, plataformas lotadas e tempo extra.

“A questão não é o bem-estar, é lucro. Da Barra Funda até Luz, a Linha 11 vai ganhar mais R$ 2,50 por passageiro. Depois, da Luz até o ABC, mais R$ 2,50. É por isso que quebraram a Linha 10 no meio”, diz outro usuário.
Além disso, a Linha 7 foi comprada pelo Grupo Comporte, que a opera com o nome TIC Trens, enquanto o mesmo grupo já arrematou as Linhas 11, 12 e 13 usando outro nome e CNPJ. Na prática, cada baldeação entre CNPJs diferentes garante uma nova fatia do dinheiro público via compensação.
E Caieiras fica como?
Enquanto isso, moradores de Caieiras já se preparam para viagens mais longas, estações lotadas e a rotina de subir e descer escadas — tudo para viabilizar a remuneração das operadoras privadas.
E tem mais: o trecho Morato–Jundiaí, que passa por Caieiras, também enfrenta incertezas sobre intervalos, investimentos e conforto. Para muitos, é mais um sinal de que a promessa de modernização esbarra na realidade de quem depende do trem todos os dias.
A tarifa única segue em R$ 5,00 — mas, para o passageiro de Caieiras, o preço verdadeiro será mais tempo perdido no trajeto.
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