A pressa que mata: Uma vida sacrificada pela busca incessante por tempo
- primeiraimpressaor
- 6 de mai.
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O tragédia do Campo Limpo expõe o desprezo pela vida em uma sociedade obcecada pela produtividade.
Por Ronaldo Calheiros

Na manhã desta terça-feira (6), mais uma vida foi tragicamente perdida em São Paulo, quando Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, de 35 anos, tentou embarcar em um trem da Linha 5-Lilás, mas ficou preso entre as portas e foi arrastado até a morte. Essa morte não foi apenas uma fatalidade, mas sim um reflexo de uma sociedade que valoriza mais a produtividade do que o ser humano.
Em um cenário onde cada segundo conta, onde o atraso é visto como um erro imperdoável, muitos acabam colocando sua segurança e bem-estar em segundo plano. Lourivaldo provavelmente estava correndo contra o relógio, temendo as consequências de mais um atraso em um mundo onde a pontualidade é uma virtude sagrada. Foi essa pressa que, ao final, custou sua vida. Tentando se enfiar onde não cabia, ele se tornou mais uma vítima da obsessão por tempo, de uma corrida que não deveria ser travada com o corpo humano.
O que talvez muitos não saibam é que a ViaMobilidade, concessionária do metrô, se apressou em limpar o sangue do local antes de interromper o tráfego. O objetivo claro era evitar que o fluxo de passageiros fosse afetado por mais tempo, o que levanta um questionamento profundo sobre os valores da empresa e da sociedade em geral: qual é o verdadeiro valor de uma vida humana diante da eficiência do serviço?
Essa tragédia não é apenas um acidente. Ela é a consequência de uma cultura que coloca a pressa à frente da segurança, que minimiza a dor e o sofrimento em nome da continuidade da rotina. O que aconteceu hoje no Campo Limpo é apenas um reflexo de uma sociedade cada vez mais desumana, onde vidas são sacrificadas em nome da produtividade e da velocidade.
O que mais nos assusta é a normalidade com que esses incidentes acontecem. Será que a vida de Lourivaldo teve menos valor do que o movimento do metrô? Será que estamos tão acostumados com a perda e o sacrifício das nossas vidas em nome de uma rotina impessoal, que já não paramos mais para questionar as consequências de nossas ações?
A morte de Lourivaldo é, sem dúvida, um grito de alerta. Precisamos refletir sobre o ritmo que impomos às nossas vidas, sobre o preço que estamos dispostos a pagar para cumprir nossos compromissos. Não podemos mais ignorar que, por trás de cada tragédia, há uma pessoa, uma história, um ser humano que, como nós, tem os seus medos e desafios. E não podemos mais permitir que essas histórias sejam desvalorizadas em prol de uma corrida contra o tempo que, no final, só traz mais perdas.
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