O ambiente de trabalho e a nova polarização: Quando a política vira motivo de assédio
- primeiraimpressaor
- 23 de jul.
- 3 min de leitura
Se antes as discussões mais acaloradas no ambiente de trabalho giravam em torno do Corinthians e Palmeiras, hoje um novo tema tomou esse lugar: a política. Com o acirramento das divergências ideológicas no Brasil, muitos ambientes corporativos estão se tornando palco de embates, desgastes e, infelizmente, até casos de assédio.
Por Ronaldo Calheiros – Jornal Primeira Impressão

De acordo com relatos recebidos pelo Jornal Primeira Impressão, empresas têm presenciado crescentes conflitos entre funcionários por conta de posicionamentos políticos distintos. O que antes era apenas motivo para debates pontuais, hoje está virando um problema real de convivência e até mesmo de gestão de pessoas.
E o problema vai além: Há casos em que empregadores estão direcionando processos seletivos com base na orientação política dos candidatos, algo extremamente preocupante do ponto de vista ético, legal e de diversidade de pensamento. Em um mercado que deveria priorizar competências técnicas, experiência e habilidades interpessoais, a filtragem ideológica vem ganhando espaço de maneira silenciosa e perigosa.
Assédio político e ideológico no trabalho
Outro ponto alarmante é o crescimento de denúncias de assédio por orientação política, religiosa ou sexual dentro das empresas. Segundo a especialista em Recursos Humanos Amanda Carvalho, esses comportamentos são classificados como assédio moral e, quando comprovados, resultam quase sempre em condenações judiciais.
“Se a empresa demite ou constrange um funcionário por conta de religião, política ou orientação sexual, e esse funcionário consegue provar o assédio com testemunhas ou áudios, ele ganha a causa. Eu já participei de diversas audiências e posso garantir: a empresa perde. Não há discussão. O máximo que pode acontecer ali é um acordo de valores ou de parcelamento da indenização”, explica Amanda.
Ela ainda reforça que, embora as empresas tenham o direito de mediar e conter conflitos internos, como discussões acaloradas entre funcionários com visões políticas diferentes, não podem jamais coagir alguém a pensar ou se posicionar politicamente de determinada forma.
Violência verbal e até física no chão de fábrica
Amanda também chama atenção para um ponto crítico: os conflitos não ficam só no discurso.
“Essas brigas são reais. Já vi casos de discussões políticas que terminam em agressão física dentro da fábrica. É necessário trabalhar a conscientização e o respeito mútuo no ambiente de trabalho, antes que essas tensões saiam do controle.”
Ela sugere que as empresas invistam em treinamentos voltados à gestão de conflitos, cultura de respeito e ética profissional, criando canais seguros para denúncias e fortalecendo uma cultura interna de inclusão e diversidade.
Um desafio contemporâneo
Vivemos tempos em que a polarização política não se limita às redes sociais ou às urnas. Ela invadiu as salas de reunião, os refeitórios, os grupos de WhatsApp da firma. Cabe às empresas agir com responsabilidade, garantindo que a liberdade de expressão não seja confundida com liberdade para atacar ou discriminar.
O desafio está posto: Construir ambientes corporativos onde a pluralidade de ideias seja bem-vinda, sem que isso comprometa o respeito, a produtividade e, principalmente, a dignidade das pessoas.

Amanda Carvalho é especialista em Departamento Pessoal, RH e Gestão de Pessoas, com mais de 15 anos de experiência em empresas de médio e grande porte. Atua conectando estratégia organizacional ao engajamento de equipes. Hoje, integra a Beprof Consultoria Empresarial, onde apoia líderes na construção de ambientes produtivos, humanos e alinhados à cultura da empresa.
Instagram: @amandacarvalho.gestao








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